DNA-HPV: Novo exame substitui Papanicolau no Sistema Unico de Saúde e antecipa diagnóstico do câncer de colo do útero
O que muda na prevenção do câncer de colo do útero?
O Ministério da Saúde anunciou que o tradicional exame de Papanicolau será gradualmente substituído pelo teste de DNA-HPV na rede pública de saúde. A mudança representa uma inovação significativa na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de colo do útero, um dos mais comuns entre as mulheres brasileiras, de todas as idades e classes sociais.
O DNA-HPV é capaz de detectar a presença do vírus causador do câncer antes mesmo de ele provocar alterações celulares. Essa antecipação pode significar a diferença entre um tratamento simples e menos invasivo ou um enfrentamento contra um câncer avançado, muitas vezes com baixo índice de cura.
Por que substituir o Papanicolau?
Desde os anos 1980, o Papanicolau é o exame padrão no Brasil para rastrear alterações celulares no colo do útero. Apesar da sua importância histórica, ele apresenta limitações. O exame pode não identificar lesões em estágio inicial e até mesmo casos já desenvolvidos de câncer.
Em contrapartida, o teste de DNA-HPV apresenta uma sensibilidade muito superior. Ele consegue identificar a infecção pelo vírus HPV antes mesmo de qualquer alteração visível nas células do colo uterino. Isso significa que o diagnóstico pode ser feito até 10 anos antes do que seria possível com o Papanicolau.
Estudo comprova a eficácia do novo exame
Um estudo conduzido pela Unicamp, pela Prefeitura de Indaiatuba (SP) e pela Roche Diagnóstica acompanhou mais de 20 mil mulheres atendidas pelo SUS. Os resultados foram impressionantes: o teste de DNA-HPV aumentou em até quatro vezes a detecção de lesões pré-cancerígenas.
Foram identificados 21 casos de câncer de colo do útero, sendo 67% deles em estágio inicial. No grupo que fez apenas o Papanicolau, 12 casos foram detectados — e quase todos já em fase avançada. A média de idade de detecção também caiu de 49,3 anos (com o Papanicolau) para 39,6 anos (com o DNA-HPV).
Mais praticidade e economia para o sistema de saúde
Além de mais eficiente, o teste de DNA-HPV pode ser realizado por autocoleta. A mulher recebe um kit com instruções simples, coleta o material em casa e devolve ao posto de saúde. Isso torna o processo mais acessível, confortável e contribui para o aumento da adesão ao rastreamento.
Outro benefício é a frequência do exame. O DNA-HPV precisa ser repetido a cada cinco anos, ao contrário do Papanicolau, que deve ser feito a cada três anos. Estudos mostram que essa mudança pode gerar uma economia de até US$ 37,87 (cerca de R$ 215) por ano de vida salvo, aliviando custos ao sistema público.
Quando o exame estará disponível no SUS?
Em março de 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou o exame. Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde publicou as novas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas, com um prazo de até 180 dias para que os municípios comecem a implementar a nova política.
A expectativa é que, nos próximos meses, o teste de DNA-HPV esteja amplamente disponível na rede pública como método principal de rastreamento do câncer de colo do útero.
Conclusão
A substituição do Papanicolau pelo teste de DNA-HPV marca um novo capítulo na prevenção do câncer de colo do útero no Brasil. Com mais sensibilidade, praticidade e economia, o novo exame representa um avanço na saúde pública feminina. Além de salvar vidas, ele oferece mais conforto e dignidade para as pacientes.
Além da vantagem econômica já citada, o monitoramento e acompanhamento da evolução do câncer do colo de útero ganha mais um coadjuvante que asssim como a vacina contra o HPV, traz um conjunto interessante no combate a esta doença.