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Tylenol na Gravidez e o Risco de Autismo: O Que Dizem Trump, a Ciência e as Autoridades de Saúde

Em 22 de setembro de 2025, o presidente Donald J. Trump e o Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., fizeram declarações afirmando que há evidência de que o uso de Tylenol (acetaminofeno/paracetamol) durante a gravidez pode estar ligado a um aumento no risco de autismo em crianças. Trump recomendou que mulheres grávidas […]

Em 22 de setembro de 2025, o presidente Donald J. Trump e o Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., fizeram declarações afirmando que há evidência de que o uso de Tylenol (acetaminofeno/paracetamol) durante a gravidez pode estar ligado a um aumento no risco de autismo em crianças.

Trump recomendou que mulheres grávidas evitem o Tylenol — salvo em situações estritamente necessárias — e anunciou que a FDA (Food and Drug Administration) iniciaria um processo para atualizar a bula do medicamento, incluindo esse risco potencial.

Essas afirmações provocaram reações fortes no meio médico.

  • A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a evidência continua inconsistente para confirmar essa associação.

  • A Sociedade de Medicina Materno-Fetal também emitiu nota afirmando que, embora existam vários estudos observacionais sugerindo possível risco, eles têm limitações de desenho e metodológicas que impedem conclusões definitivas.


Estudos Científicos Relevantes

  • Estudo no JAMA (2024): um grande estudo populacional analisou risco de distúrbios de neurodesenvolvimento em crianças cujas mães usaram acetaminofeno durante a gravidez. Modelos comuns mostraram associação leve, mas ao comparar irmãos (controlando fatores familiares), não se encontrou risco aumentado significativo.

  • Estudo Dinamarquês: observou que o uso prolongado de acetaminofeno por mais de 20 semanas de gestação pode estar associado a autismo com sintomas hipercinéticos, mas não a todos os casos de autismo isolado.

  • Outro estudo: analisou crianças de 3 anos expostas por mais de 28 dias de gestação e encontrou atrasos motores e problemas de comunicação, mas sem forte evidência de ligação direta ao autismo.


Correlação Bioquímica / Mecanismos Possíveis

  1. Metabolismo do paracetamol: a via do citocromo P450 gera NAPQI, um metabólito reativo que depleta glutationa e pode induzir estresse oxidativo.

  2. Estresse oxidativo: pode afetar processos como sinaptogênese, mielinização e migração neuronal no cérebro fetal.

  3. Interferência imunológica: o paracetamol reduz prostaglandinas; a febre materna já é fator de risco para alterações no neurodesenvolvimento, e a medicação pode confundir a relação causa-efeito.

  4. Alterações epigenéticas: estudos mostraram metilação diferenciada de genes ligados ao estresse oxidativo e transmissão neural em crianças expostas.


O Que a Notícia de Trump Acrescenta – e o Que Fica em Aberto

O anúncio de Trump acrescenta dois aspectos importantes:

  • Atualização da bula do medicamento pela FDA.

  • Recomendação de reduzir o uso durante a gestação.

No entanto, não foram apresentadas novas evidências científicas robustas que confirmem essa relação.


Conclusão

A hipótese de que o uso de acetaminofeno durante a gravidez possa estar associado a risco aumentado de autismo é plausível, mas ainda não há comprovação de causalidade.

Mais estudos prospectivos, experimentais e genéticos são necessários para confirmar ou refutar essa ligação.

Fonte: www.saudeinevidencia.com.br

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